sábado, 11 de janeiro de 2014

Donna Maritata - 12 de Ouros

Uma mulher casada, com filhos. Enquanto seu marido está longe, no trabalho, ela cuida de seus bens, de sua família. "Mas que historinha machista", você vai pensar. Vamos dar um desconto à época em que o baralho foi feito e pensar no que essa mulher representa.

Ela parece usar um vestido de festa amassado. Parece-me que chegou de um baile na noite anterior e nem teve tempo de trocar de roupa, pois a filha foi logo demandando seus cuidados. E ela não se importa se o seu vestido é rico, se a menina vai babar nele. O vestido é o de menos. Faz parte da menos importante de suas obrigações. Agora, a sua vida é a sua família. Ela está cansada, mas sorri. A rosa em seu peito, desabrochada, revela que ela tem muito amor para reverberar. A casa é suntuosa: as colunas são bem trabalhadas, as almofadas são confortáveis, sua filha também está bem vestida. Ela não tem preocupação alguma com sua sobrevivência. Seu papel é manter, proteger o que possui, amar.

Em sua mão esquerda vemos um pedaço de papel. O que estará escrito ali? Será um bilhete do marido, com instruções para uma precaução especial com a casa? Ou uma mensagem apaixonada, de quem reconhece o carinho com que ela cuida de todos? Não sabemos se o que a faz sorrir é o bilhete ou a filhinha, que aponta para algo que está fora de nossa visão (será o gato da carta Falsidade?).

A menina usa somente um sapato. O outro está em cima do aparador. Não se coloca sapato em cima de mesa, mas quem disse que a mãe liga pra isso? Ela não quer encher a filha de regras, proibições. Deixa-a brincar, com liberdade para explorar o mundo.

Ela dá as costas para a janela que mostra o mar e um navio ao longe. O mundo lá fora, na verdade, não a interessa. O que faz seus olhos brilharem é o que está dentro dessa casa, são os seus entes queridos. Nem mesmo o luxo que a rodeia é importante. Seu corpo relaxado num vestido tão bonito, inapropriado para os cuidados da casa, mostra que ela fica à vontade em meio ao conforto material, mas não muda sua postura diante disso.

A carta significa proteção, desvelo. É alguém em quem podemos confiar plenamente. E melhor: essa pessoa tomará conta do consulente com carinho de mãe. Isso se não for o consulente quem estiver cuidando de alguém dessa forma. É o amor incondicional de Deus.

Se o significante for a criança, o caso refere-se a uma pessoa vulnerável, que precisa de outras pessoas para as necessidades mais básicas, tanto materiais quanto emocionais. Ou até mesmo uma pessoa que recebe mimos como se fosse uma criança, por quem se faz tudo, até mesmo o que ela poderia fazer sozinha.

A carta também representa os laços de sangue. A família em primeiro lugar, e tudo o que abrimos mão em nome do bem das pessoas que nos são mais caras.

Se estiver numa posição negativa, podemos pensar na vulnerabilidade resultante da falta de cuidados. Ou na falta de interesse, de apego emocional. Pense numa mãe que não liga pros filhos, pra casa. Pode apontar para um problema mais sério, como depressão, uma vez que pessoas deprimidas tendem a negligenciar os cuidados mais básicos consigo mesmas e com o seu ambiente. Nesse caso, vale procurar ajuda profissional.

Como o nome da carta não é Mãe, mas Esposa, devemos nos atentar para o fato de que a proteção dela abrange toda a família, e não só os seus rebentos. Em excesso, é superprotetora, sufocante, castradora, controladora.

A interpretação dependerá mesmo da situação apresentada pelo consulente, da intuição de quem lê as cartas e das cartas que a rodeiam. E as versões não terminam por aqui. Cada pessoa tem uma experiência pessoal com a família, com a mãe, com o pai (que não está na carta... o que pode indicar uma mãe solteira que acumulou funções, ou um pai que está sempre fora, trabalhando, viajando). A carta pode soar extremamente negativa para alguns. Para outros, representa a própria Providência Divina. A discussão não acaba. Por isso, a cada novo insight, voltaremos à Donna Maritata.



Nenhum comentário:

Postar um comentário