quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Apresentaçao

Tarô: uma fascinação antiga que assumi apenas aos 25 anos de idade. Depois de tanta relutância, comprei o Marselha numa livraria, num impulso. Aquelas imagens medievalmente misteriosas prometiam o conhecimento de séculos. Os arcanos são tão grandiosos e profundos como um oceano. Alguns quase inteiramente feitos de fossas abissais. O tarô é um mistério para ocupar muitas vidas. É coisa de gente grande.

Descobri, depois, o Lenormand. Corri pra avenida Paulista na minha parca hora de almoço para comprar o baralho difícil de achar, mas que descobri estar disponível numa lojinha escondida numa galeria. Voltei em tempo de trabalhar, suada, sem ter almoçado, mas com meu tesouro nas mãos. Parecia mais simples, mais próximo do cotidiano, mais cartomancia bruta das feiras místicas e das ciganas das praças. Porque tem hora em que a gente quer mesmo saber se vai namorar aquele rapaz bonito, se a nossa melhor amiga não é mesmo uma amiga da onça ou se vamos conseguir aquela promoção no trabalho. O Lenormand é pra gente de carne e osso, e me dava um alívio entre os períodos de estudo mais intenso do tarô.

Então, vasculhando tarôs diferentes para a minha coleção - que cresceu um bocado depois do primeiro Marselha - deparei-me com um oráculo desconhecido: Sibilla Italiana, numa caixa da Lo Scarabeo chamada Sibilla Della Zingara . As imagens do século XIX me prenderam. Eu tinha que ter aquele baralho tão bonito, tão curioso! As situações eram ainda mais cotidianas e completas do que o Lenormand: esse tinha 52 cartas! Mesmo que não soubesse como usá-lo, eu, colecionadora de imagens, não poderia abrir mão dele. Fiz a encomenda. Quando ele chegou, vi que não havia no livreto que o acompanha qualquer explicação mínima para as cartas. Me pegou! Viciada em livros, só me restava agora a intuição. Depois de meses comecei a encontrar algumas informações.

Inicio este blog com a intenção de destrinchá-lo, de reservar um espaço mais exclusivo à descoberta dos sibilas, que possuem também várias versões - mas especialmente a versão italiana com 52 cartas. O tarô e o Lenormand darão as caras muitas vezes, mas serão nossas visitas.

Sibilas são cartas que trazem respostas a questões cotidianas, esclarecem rapidamente e estão mais próximas do mundo terreno. O Lenormand, a Sibilla Italiana, o Zigeuner são sibilas que surgiram na Europa ao longo do século XIX após o boom da cartomancia iniciado por Etteilla e solidificado por Mlle. Lenormand. No Brasil o Petit Lenormand, conhecido também como Baralho Cigano, é o mais antigo queridinho. Desenvolvemos até mesmo uma Escola Brasileira que interpreta suas lâminas de modo particular e faz associações com os Orixás. A Sibilla Italiana, no entanto, começa a atrair atenção agora. Graças, talvez, aos baralhos "diferentes" trazidos por Priscila Lhacer.

Usarei, como base, as imagens do baralho Sibilla Della Zingara, editado pela Lo Scarabeo. O baralho mais tradicional é o Vera Sibilla, editado pela Masenghini (que também tem versão pela Lo Scarabeo). No entanto, prefiro usar meu primeiro maço adquirido, aquele que me pegou de jeito e que primeiro interpretei. O Vera Sibilla estará sempre presente, para ser também interpretado ou ajudar a completar ou comparar significados.

Não sou cartomante profissional. Leio para família e amigos. Minhas interpretações não são as únicas possíveis: algumas virão de fontes escritas, outras da minha intuição e do amálgama surgido em meu diário cartomântico. Mas como as cartas não se esgotam, elas serão sempre válidas de alguma forma.

Que comece a jornada!

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