Agora entramos na casa e nos
deparamos com o cômodo reservado às visitas. Já temos um vislumbre da
intimidade da família que habita a casa. Ainda assim, não significa intimidade
absoluta. Aqui acontecem alguns dos dramas familiares. Ainda assim, é um espaço
híbrido, nem totalmente reservado (como o quarto de dormir), nem exposto (como
a varanda, a fachada).
É aquele pedacinho de privacidade
que oferecemos a quem queremos que se aproxima. É um espaço mais relaxado, e
não a pose da fachada da casa. Há, aqui, uma abertura. Mas não completa.
Em alguns lares, a sala de estar
é um espaço pouco frequentado cotidianamente, pois é reservada para ocasiões
especiais. Ela é cuidadosamente decorada e limpa. No entanto, outros têm o hábito
de passar a maior parte do tempo nesse espaço. É onde fica a TV que reúne a
família, é onde todos relaxam e conversam, é um espaço compartilhado com
tranquilidade e intimidade. Ali nos sentimos à vontade, protegidos, desarmados.
É o nosso ninho.
Aqui se representa o papel
familiar: aquele que não é nem o Eu Público, nem o Eu Interior. Dentro da
família, nos submetemos a coisas que nos violam, ou que não representam nossas
aspirações mais íntimas. A família pode dar suporte, mas também pode
constranger. É um poderoso formatador, pois nascemos em seu seio, confiamos
nela e por suas lentes enxergamos o mundo até a idade adulta. A proteção
excessiva pode nos impedir de viver plenamente, nos impinge preconceitos com os
outros e – o que é mais perigoso – com nós mesmos.
(fonte)
A Stanza é um espaço, e
aparece como tal também nas leituras. Certo dia, tirei três cartas para saber
como seria o meu dia. Saiu a Amica, a Stanza e Ammalato.
Na época, eu andava
sobrecarregada no trabalho, cuidando de 4 setores com a ajuda de mais um
colega. Naquele dia recebemos a notícia de que receberíamos o reforço de uma
nova colega (a Amica) para que os Setores, bastante debilitados (Ammalato),
pudessem funcionar corretamente. Então ela mudou-se para perto de nós, em uma
nova mesa (Stanza): trouxe seus objetos pessoais de decoração,
instalou o computador, colocou um difusor de aromas. Arrumou seu novo
espacinho. Aqui, a Stanza representa justamente o espaço: uma colega que
trouxe o seu espaço consigo.
A carta nos aconselha a parar um
pouco, meditar. Sugere uma pausa, um descanso, um cochilo na rede. É uma carta
de cura. Dependendo da situação, é hora de fechar-se, calar-se e olhar para si.
A Stanza nos isola do barulho do tráfego, da poluição. A Casa, como arcano de Copas, fala das nossas relações com o mundo. A Stanza, como carta de Ouros, fala de nós mesmos, do nosso enraizamento.
A Stanza é um espaço
sagrado, pois nela só pode entrar as energias que convidamos. É preciso mantê-la
saudável, sem sujeira, sem vibrações densas e obstáculos. É nela que nos
recuperamos diariamente, é ali que nos fechamos por alguns minutos para
respirar profundamente e encontrar o nosso centro.
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