quinta-feira, 19 de março de 2015

Dez coisas que aprendi com a Sibilla


1) Que um baralho sem livreto e só de imagens pode ser desconcertante a princípio, mas vai abrir as portas para o entendimento que vem do coração.

Parece piegas, mas é verdade. A Sibilla foi meu primeiro baralho sem antecedentes. Estamos tão acostumadas com a avalanche de informações disponíveis de imediato nos livros e na internet que não sabemos o que fazer diante de uma imagem pura, uma Esfinge que nos desafia: "Decifra-me ou devoro-te!". Mas a leitura de cartas é, sempre foi e sempre será leitura de imagens. Não dá pra fugir disso. 



 2) Que os livros podem orientar, mas serão sempre limitados.

Ainda que tenha 50 páginas dedicadas a cada um dos arcanos. Sempre haverá muito mais a descobrir, e isso varia de pessoa para pessoa. Nossas experiências, nossos medos e preconceitos, nossos sonhos e princípios moldarão NOSSAS cartas. Não espere que um livro lhe mostre os SEUS significados construídos lentamente.







3) Que as cartas conversam conosco se as ouvirmos. Podem passar longos períodos caladas e um dia te chamarem: "Psiu, vem cá. Hoje vou te contar um segredo."

Mais uma vez: olhe para elas. Deixe que elas te digam o que são. Não as rotule antecipadamente. Elas mudam de humor, se afeiçoam e se irritam. Podem se fechar de repente. Trate-as com o carinho de um amante que conquista a pessoa amada. Sempre.






4) Que os cursos e a troca de experiências com outros cartomantes é válida, enriquecedora e pode nos colocar no caminho certo, mas devemos filtrar cada informação de acordo com o que funciona para nós.

Se você puder fazer um curso (pago ou não), faça. Aposto que aproveitará ideias novas, insights ou mesmo a organização imposta pelo professor. Mas nenhum professor te transformará se você não fizer o seu trabalho. O curso pode ser essencial, mas é somente um ponto de partida, uma referência. 





5) Que o conhecimento compartilhado, pago ou gratuito, é conhecimento multiplicado.

Cartomancia não é só um dom. Exige muito estudo, tentativas e erros, paciência. Quando alguém faz esse caminho e decide passar o que sabe à frente, fortalece uma teia de conhecimento. Mas preste atenção: ninguém é obrigado a transmitir isso gratuitamente. Organizar um curso dá um trabalho do cão e merece uma remuneração justa. E se alguém quiser repassar seu conhecimento sem cobrar nada, pelo simples prazer do compartilhamento de algo que ama, também deve ser respeitado. 




6) Que depois de um tempo enxergamos nossa realidade através das cartas. Cada filme, livro ou pessoa acaba sendo associada a um arcano.

É inevitável. Todo mundo me parece uma carta ou uma combinação. As situações do dia a dia também se transformam em sequências de cartas na minha cabeça. Depois de um tempo, até mesmo o que não é óbvio nem está no rol tradicional de significados começa a ser transmitido por um jeito de olhar de um personagem, por um objeto esquecido num canto da carta, por um cenário.





7) Que um diário cartomântico rico será sempre uma bagunça.

Já tentei ter lindos moleskines caros tão caprichados quanto manuscritos medievais. Mas a organização não combina com a profusão de ideias de uma mente borbulhante, se você vê as cartas em tudo. Hoje tenho uma brochura vagabunda que levo para todo canto e onde rabisco todos os meus insights. Ali tem ideias de posts, trechos de livros e receitas de pão misturados. Depois passo tudo para um caderno mais bonito e duradouro, para guardar (que, no entanto, me parece engessado, preso em limitações estéticas e com fobia de bagunça criativa). Ainda procuro a solução ideal de diário inteligente. Quando encontrar, conto aqui.



8) Que aprender italiano não é essencial em tempos de Google Translator, mas pode esclarecer as nuanças de um texto.

Meus primeiros livros foram traduzidos com a ajuda do Tradutor do Google. Mas o texto resultante era estranho, sem vida e muitas vezes impreciso. Então decidi começar a estudar o idioma. Descobri o alcance de palavras que me pareciam confusas e hoje consigo consultar os livros diretamente. Também consigo acessar sites e ouvir aulas no Youtube sem perder horas jogando as frases no tradutor. Ganhei um mundo de referências. No entanto, não se sinta obrigado: as ferramentas podem tomar tempo, mas estão ao alcance de todos.




9) Que a Sibilla está disponível a quem quiser desde o século XIX. 

Não estamos privados de informações, não estamos isolados pela língua, não precisamos ser iniciados em nenhuma sociedade secreta. Basta deixá-la falar. Se alguém disser que possui conhecimentos exclusivos da Sibilla Italiana e que só ele está habilitado a manuseá-la, deixe-o falando sozinho. Se você não puder pagar um curso, comprar livros ou comprar um baralho, não se desespere! Os baralhos inteiros podem ser impressos, os sites podem ser traduzidos e você encontrará outras pessoas interessadas em discutir e trocar ideias. As imagens (gratuitas por toda a internet) já vão te ensinar um bocado.




10) Que ninguém "sabe" usar a Sibilla, como ninguém "sabe" o Tarô ou o Lenormand e ninguém "sabe" por completo quem é outra pessoa. 

Ela se revela aos poucos, mostra significados novos em diferentes fases da vida, cresce, diminui e vira de ponta cabeça. E fará isso pra sempre. Se você sentir que sabe tudo sobre um oráculo porque ele encerrou suas lições e você está devidamente habilitado, acorde! O oráculo parou de falar com você. 

2 comentários:

  1. Parabéns, Jamile!
    Que bom conhecer o seu blog.
    Estou iniciando este ano com o Sibilla e espero ser especial.
    Continue, pois acompanharei.
    Um abraço.

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    Respostas
    1. Renata, obrigada por visitar meu blog! Estamos juntas no aprendizado e sei que uma ajuda a outra. Abraços, Jamile.

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