Preciso dizer que sou muito apegada à Vera Sibilla e à Sibilla Della Zingara, sendo a Della Zingara meu primeiro deck, minha primeira referência e base de análise do Sibillinas. Minha lua e meu ascendente em Capricórnio ficam satisfeitos com o cheirinho de antiguidade das imagens. Mas é impossível não ser capturado pela originalidade do Misteri della Sibilla, da italiana Dal Negro, de Treviso. Seus desenhos foram criados em 1982 pelo artista Ettore Maiotti.
Suas cartas são maiores do que as sibillas tradicionais: 12cm X 7,5cm, o que dá um certo ar de gravidade "tarológica" ao baralho. São acetinadas, agradáveis ao contato com as mãos. Duráveis. O verso traz um padrão discreto e elegante.
Além do Amante e da Amatrice, há duas cartas para representar o consulente e um possível companheiro. Portanto, é composto de 54 cartas. No entanto, é possível simplesmente descartá-los ou usá-los como personagens adicionais na trama a ser desenrolada na leitura:
A Fortuna é uma curiosidade à parte. Não vem loura e majestosa como a deusa dos decks tradicionais, mas como uma discreta ninfa das florestas flagrada pela visão do artista:
O livreto que acompanha o baralho não traz os significados de cada carta, mas um sistema de jogo a ser desenvolvido pelo cartomante. É possível ver na carta acima que a legenda mostra os significados de "sucesso, triunfo" para Fortuna "se à direita", ou seja, se a carta estiver em sua posição vertical normal. Invertida, terá seu significado atenuado, modificado ou contrário.
É comum encontrar nos livros italianos a distinção entre significados "normais" e "invertidos". Eu não gosto muito desse método de leitura, introduzido por Etteilla no século XVIII e popular na Europa e Estados Unidos. Tampouco descarto como inovação, pois Etteilla foi o primeiro divulgador da cartomancia como oráculo, e temos pouca ideia dos métodos usados antes dele. Eu não uso cartas invertidas porque não gosto, porque não me inspira segurança na leitura. Prefiro determinar as casas em que as cartas terão significados negativos ou fracos. No entanto, as cartas invertidas funcionam para que gosta de usá-las assim.
Voltando ao livreto, ele traz algumas visões curiosas que podem ser usadas ou descartadas (fique à vontade). Para começar, sugere que os naipes de Ouros e Copas indicam a natureza da consulta, material ou afetiva. As cartas dos naipes restantes influenciarão positivamente (Paus) ou negativamente (Espadas) o assunto abordado. E os valores numerais das cartas (1 a 13) aumenta proporcionalmente seu significado: uma carta de valor 10 seria mais relevante e influente do que uma carta de valor 2, por exemplo. Faz sentido para você?
Sugere, ainda, que o Consulente seja indicado pelas cartas da Corte (11, 12 e 13): os Valetes mostram pessoas jovens, as Rainhas representam mulheres e os Reis os homens mais velhos. A escolha do naipe dependerá da personalidade do Consulente. (OBS: mais uma vez, isso faz sentido para você?)
Por fim, traz algumas tiragens que poderão ser exploradas mais à frente.
A legenda apresentada nas cartas difere de algumas daquelas do Vera Sibilla da Masenghini. A seguir, listo-as para comparação:
Enfim, é um deck diferente, que merece ser explorado por si só. Ainda que não queira seguir todos os seus significados indicados nas legendas e métodos sugeridos no livreto, vale pelas belas ilustrações. Pode surpreender visualmente os consulentes, que muitas vezes são mais suscetíveis a certos baralhos. Não conheço quem não ache o Misteri della Sibilla uma preciosidade.
Vale a pena? Vale.
É indispensável? Não, exceto se você quiser colecionar Sibillas.
É um bom deck para iniciar? Sugiro o Vera Sibilla para iniciar, pois é a base tradicional de interpretação. Mas nada impede que o Misteri possa ser estudado e absorvido. Aposto que funciona.
Onde encontro? Infelizmente não conheço revendedores brasileiros. Peça para alguém trazer da Itália ou compre diretamente na alidastore.com (sim, aquela loja SONHO em San Marino vende pela internet) ou demais lojas internacionais online.
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