A Sibila Italiana
foi uma deliciosa surpresa: filha do século XIX, trouxe consigo uma humanidade
pouco presente nos oráculos que eu conhecia até então. Surgiu e ganhou espaço
numa sociedade marcada e ferida pelo turbilhão das Revoluções Industriais,
balançada por ideias que mexiam com os estômagos por meio de Nietzsche, Freud e
outros, cujas ilusões iluministas e racionais começavam a cair por terra depois
de Napoleão, em meio a ondas revolucionárias e antes da Primeira Grande Guerra.
Em vez de emblemas,
cenários. Em vez de deuses, criaturas. Encontramos nela não as ideias, mas a
vida acontecendo. Como os arcanos menores do tarô, que manifestam no mundo as
forças maiores do que nós. Nem por isso a Sibila limita-se às questões cotidianas.
Como no cinema e na literatura, um diálogo ou uma cena corriqueira podem
esconder grandes verdades, podem sublimar relações profundas, medos ancestrais,
anseios inconfessáveis. É preciso entender o ser humano para ir além das
aparências na Sibila Italiana, além da previsão rasa. Encontrei nela meu
desafio. Um desafio delicioso.
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