quinta-feira, 28 de maio de 2015

Riunione - uma carta em forma de chá

E se uma carta tivesse sabor, calor e pudesse ser ingerida? E se as propriedades de ervas, raízes e frutas pudessem nos afetar de tal forma que sentíssemos essa carta?



Cada uma das lâminas da Sibilla Italiana traz um ânimo, uma faísca, um medo, uma sensação que podem ser traduzidos de diversas formas: palavras sentimentos imagens... e sabores (por que não?).

No entanto, nem todas as cartas resultariam em sabores que eu desejaria experimentar. Quem quer o chá da Morte, da Melancolia, do Desesperado? Podemos até chegar neles, mas prefiro começar com as cartas apetitosas: o Amor, por exemplo... quem já está sentindo sobre a língua o sabor doce de um chá de rosas com mel?

Mas não sejamos, ainda, tão óbvios! Um pouco, talvez. Vamos começar pela combinação de sabores do 4 de Paus: Reunião (Riunione)!







Só para recordar: Riunione fala dos momentos de entendimento, reconciliação entre duas pessoas. Geralmente surge depois de uma situação difícil, de um desacordo, uma briga, uma indisposição entre duas pessoas. Riunione não une duas pessoas: ela reúne. Duas almas que já estiveram juntas e se afastaram por algum motivo agora acertam as diferenças e passam a caminhar a mesma estrada novamente. 

O Chá de Riunione deve ser quente, como exige o naipe de paus, mas equilibrar os humores para que a reconciliação seja feita.


Antes de tudo:

Convide a pessoa com quem deseja fazer as pazes para a sua casa. Acomode-a no sofá ou na poltrona enquanto prepara o chá. Seja gentil e amoroso em suas palavras.


Ingredientes:

- Para fazer as pazes com apenas uma pessoa, a polpa de 1 maracujá é suficiente;

- 2 rodelas de gengibre de 1 cm de largura cada. Mas se quiser esquentar um pouco, fique à vontade para aumentar a medida;

- 1 pau de canela pra perfumar e temperar;

- Açúcar a gosto (deixe a dieta de lado e seja generoso).



Modo de fazer:

Numa chaleira sem tampa, jogue o açúcar e leve ao fogo para caramelizar. Porque uma reunião que toque o coração precisa ter cores quentes em todos os seus ingredientes. Cuidado para não se empolgar com tanto amor e queimar o açúcar, porque a amargura não pode participar desse preparo.

Assim que o caramelo estiver no ponto, acrescente a polpa de maracujá. Não se assuste com o chiado do contato entre o caramelo quente e a polpa fria: é a emoção do choque. Pra arrefecer os ânimos, jogue logo em seguida um pouco de água suficiente para duas xícaras. Mas como a intenção não é esfriar de novo essa mistura, junte o gengibre picante para não perder o calor e a canela para não perder o sabor peculiar.

Deixe, então, que os ingredientes conversem ao fogo. Que se entendam, que se misturem, que cada um contribua com suas propriedades. Que o maracujá acalme a todos para que um possa ouvir o outro. Que o gengibre imponha sua visão mais forte e determinada da vida. Que a canela traga sensualidade, flexibilidade e sabedoria ao moldar essa nova relação. Que o caramelo sele e consagre essa reunião com toda a sua doçura. Depois de alguns minutos, todos estarão dançando em ciranda em meio à fervura: é hora de apagar o fogo.

Coe a bebida ao derramá-la em duas lindas xícaras de porcelana. Se quiser, deixe a chaleira sobre o fogão para que o que sobrou da mistura possa perfumar a cozinha toda. 


Depois:

Leve as xícaras - nas mãos ou sobre uma bandeja - até a pessoa com quem deseja fazer as pazes. Ofereça a ela o preparo, gentilmente. Sente-se diante dela com a sua xícara. Sintam o perfume enquanto o chá esfria um pouco. Tomem o primeiro gole. Preencham-se de amor. Respirem fundo. Conversem.


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